Como Escrever Histórias para Filmes e Seriados

Em 2017, a série brasileira 3% foi a produção de língua não-inglesa mais assistida nos Eua, na plataforma Netflix. A série foi criada e desenvolvida por jovens que se conheceram na faculdade, em São Paulo, e apostaram no sonho de escrever roteiros de seriados. Eles produziram um episódio piloto em 2010 e colocaram na internet. Quase sete anos depois, depois de muita batalha para conseguir o investimento necessário para a produção, a série se tornou um sucesso mundial.

O caminho deles foi longo e eles receberam a colaboração de muita gente. Tiveram aulas com os professores da universidade estadual de São Paulo. Participaram de um concurso do ministério da Cultura, que em 2008 deu a eles o dinheiro para produzir o episódio piloto. Quando o piloto ficou pronto, eles divulgaram para jornalistas e blogueiros no Brasil inteiro. O interesse pela ficção científica brasileira gerou muitos elogios e a expectativa que a série continuasse. Foi a repercussão na internet aqui que levou um jornalista americano a escrever sobre o projeto. E foi assim que a Netflix ficou sabendo da ideia. 

Muitas pessoas que trabalham nas áreas de comunicação – jornalistas, publicitários, produtores, atores – têm o desejo de escrever suas histórias e tentar uma carreira como roteirista. E o mesmo acontece com profissionais de outras áreas, que sonham com a possibilidade de mudar de carreira, e investir na área criativa.

Se este é o seu caso, por onde começar?

Escrever é uma prática – Aprendemos escrevendo
Quando lemos entrevistas com roteiristas e escritores, todos afirmam a mesma ideia: só aprendemos a escrever praticando muito. Ou seja: escrever se aprende escrevendo.

Mas há um detalhe a mais: para aprimorar seu texto e sua habilidade narrativa, precisamos também da opinião de profissionais experientes. Os autores têm dificuldade para perceber sozinhos os problemas de suas próprias histórias. Quando estamos mergulhados em nosso processo criativo, perdemos o distanciamento necessário para avaliar o que criamos.

Roteiristas profissionais têm colegas de equipe para comentar e sugerir o que pode melhorar nas histórias.

Para quem está começando, cursos e oficinas ajudam nesta prática. Afinal, os professores de roteiro são roteiristas que dividem sua técnica e experiência com os alunos.

Escrever é um artesanato – Há uma técnica para aprender
Quando assistimos a um filme ou seriado, muitas vezes a criatividade da história nos impressiona. Mas – por outro lado – percebemos certos truques nas histórias, que se repetem em várias produções do mesmo gênero.

Histórias de amor, de suspense, comédias... todas elas têm suas amarrações, surpresas e reviravoltas que já são conhecidas do espectador habitual! Muitas vezes adivinhamos como uma história vai acabar... e assistimos mesmo assim, porque não importa apenas O QUE vai acontecer, mas COMO isso acontecerá.

Esses truques, que todo espectador reconhece, são a base da técnica dos roteiristas. Mas, além do que o público detecta, há muito mais! O universo da narrativa é cheio de recursos e possibilidades. Há dezenas (talvez centenas!) de livros sobre a arte da narrativa.

Para quem sonha em ser roteirista, é importante aprender o máximo possível sobre esse artesanato das ideias.

Que curso escolher?
Na área de roteiro, existem cursos curtos e curtíssimos. E também cursos de longa duração. Os criadores da série 3%, por exemplo, se conheceram na faculdade de Audiovisual. No curso de graduação, os alunos têm no mínimo 2 anos de aulas de roteiro.

Para quem está começando, uma boa sugestão é experimentar uma oficina de 8 aulas. Essa experiência possibilita aprender a técnica básica, e sentir o gostinho de escrever as próprias histórias.

Já para quem deseja investir mesmo nessa carreira, e já tem um diploma universitário, existem os cursos de especialização (pós-graduação lato sensu). Nesse caso, os cursos duram cerca de 2 anos. Os alunos desenvolvem seus projetos próprios de filmes ou seriados. Além disso, as turmas de pós-graduação oferecem contato com outros profissionais, que formam a primeira rede de contatos para quem está começando.

Outra oportunidade, além de cursos e oficinas, são as palestras frequentes com roteiristas, que acontecem em centros culturais e escolas.

A imersão é o primeiro passo de uma carreira que exige muita dedicação.

Sempre há muita gente sonhando em trabalhar em profissões criativas. Mas as pessoas se assustam ao perceber quanto trabalho isso exige. E sem nenhuma garantia de reconhecimento.

Por isso, a escrita é uma profissão de apaixonados. Quem escreve ama histórias – ama o mundo da ficção. Assim, o próprio trabalho é a primeira fonte de satisfação.

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